sexta-feira, 14 de outubro de 2011

"Teatro que te quero Negro"

Gente estou super feliz com as boas novas: O grupo Caixa-Preta de Porto Alegre, do qual faço parte, mas me encontro afastada por conta da distância física, afinal estou morando em Salvador. Vai retomar o espetáculo Hamlet Sincrético, será apresentado em Brasília no mês de novembro e em Porto Alegre em Dezembro. 
Fico feliz que Jessé Oliveira, Nina Fola, Vera Lopes, Glau Barros e todos os Caixa-Pretas que são artivistas estejam retomando aquele caminho de luz, que só arte verdadeira nos proporciona.

Porque teatro que te quero negro?
Deixo aqui algumas palavras escritas por fazedores deste Teatro Negro para explicar melhor:

"Como é de se supor, o teatro negro está relacionado à identidade cultural do homem negro, este pode ser compreendido a partir de uma visão cronológica, de análise e de perfomances, como um movimento constituido por representações espetaculares, obras encenações dramáticas negro-africanas- da origem e da diáspora. (...) Ao final, podemos ajuizar o teatro negro como teatro de vanguarda, sobretudo no sentido de que tem sua própria linguagem, que converge à centralidade do mito da cultura africana na sua origem e sua sobrevivência na diáspora, ou seja ao africanismo utilizado como discurso fundador da identidade do homem negro". (Julio Moracen- Revista Matriz)

" Na verdade, essa questão semântica é muito engraçada. Nos idos da década de quarenta, 1944, para ser preciso, eu fundei o Teatro Experimental do Negro no Rio de Janeiro, depois de tentar fundá-lo em São Paulo e não conseguir por falta de apoio, por falta de aderentes. Quantas pessoas vinham me aconselhar a que eu não fizesse isso, não pusesse no nome de meu teatro a palavra "negro", porque assim eu faria com que a iniciativa malograsse antes de ela se concretizar, de ser lançada. Eu ouvia num ouvido e saía pelo outro, porque realmente nesse ponto eu fui muito convicto; tinha que ser teatro negro, tinha que ser mesmo Teatro do Negro". Porque, olha, entidades com nomes despistadores já haviam muitos". (Abdias do Nascimento- Anais do I FORUM DA PERFOMANCE NEGRA)

Ser Caixa- Preta no Rio Grande do Sul não é fácil, mas é necessário. Quantas vezes já vi personalidades do Teatro Gaúcho dizerem: "Jessé tem que parar com esse negócio de teatro negro, teatro é teatro e ponto final, vai ser bem melhor pra ele". Será?

Depois dessas palavras elucidadoras sobre teatro negro, encerro com as palavras de Cuti que descrevem bem meu sentimento sobre a arte e o novo momento do CAIXA-PRETA:

PARA SE PRODUZIR BEM, É PRECISO PRODUZIR BASTANTE, PROFUNDA E PROGRESSIVAMENTE.